segunda-feira, 10 de maio de 2010

Conversão


Inefável túnel que me sorve.
Absorve-me das forças externas,
Quebrando-se em minhas costas
Como se fosse um látego.
Tua força líquida,
Pela força do impacto,
Há de ser a desertificação de meu ser.
Há de ser carrasco incorruptível,
Rompendo minha essência,
Livrando-me de minha existência...
Pequena existência corrompida.

Alheio à passagem que me oferece,
Presto-me, ofereço-me ao algoz,
Ao belo algoz que me engole voraz
E me ensurdece, e me cega e me remete
Ao olvido e à nulidade
Em que me converti.

Verte sobre mim a tua veste,
Teu véu azul convertido
Em lúgubre mortalha:
Sudário que, um dia,
Quem sabe, talvez,
Há de redimir-me,
Há de mitificar-me

Um comentário:

Sylvia Rosa disse...

Se os suicidas lêssem isso aqui antes de cometer o ato , talves conseguisse ver beleza mesmo nos momentos de tristeza e solidão, desta forma mudando o desejo cego de fugir do que nenhum de nos temos condição de fugir, assim desistindo do intento, constatando que tristeza e solidão faz parte da vida de todo ser humano, e que eles não são os privilegiados negativos, talvez desabafos e uivados lindos surgissem desses corações aflitos!
Beijo no coração do poeta sofredor para massagear e impulsionar esse EGO de homem sonhador.